Alex's FM

domingo, 2 de agosto de 2009

Definitivo


Definitivo, como tudo o que é simples.
A nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido
ao lado do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows, livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade fora.

Sofremos não porque o nosso trabalho
é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres que deixamos de ter
para ir ao cinema, para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque a nossa mãe
é impaciente conosco, mas por todos
os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela
as nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque a nossa equipa perdeu,
mas sim pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos
e nunca chegamos a experimentar.

Porque sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço
de que o desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional....


Emílio Moura

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A ilusão de que o sonho continua...

Na tentativa de garantir que algo fique do jeito que nós planeamos, fazemos loucuras e teimamos em não perceber a realidade...
Existem coisas que nós só aprendemos depois que as vivemos.
Na adolescência temos a ideia de que vamos descobrir um jeito especial de viver, de forma que só teremos prazer e felicidade.
Quando os problemas aparecem, ficamos desesperados.
No começo, a tendência é culpar sempre os outros; responsabilizamos os pais, o ser amado, os chefes; depois culpamos a nós mesmos e ficamos á procura do que está errado conosco, o tempo todo.
É um período em que vivemos depressivos, pois não conseguimos encontrar nada de bom em nós mesmos.
Em seguida percebemos que a felicidade é um jeito de viver a vida, não simplesmente uma colecção de momentos felizes, mas uma postura de compreensão diante dos acontecimentos de nossa vida.
Uma forma de entender que o sofrimento é inevitável.
Assim como o prazer também o é.
De um jeito ou de outro, eles vão aparecer, apesar da nossa maneira de administrar nossas vidas,porque viver é uma longa caminhada por entre desertos e oásis, avenidas congestionadas e vales totalmente abertos, mistérios que a existência prepara para vivermos, diversos pratos exóticos para saborearmos e, através deles,nos descobrirmos.
Mas o fato de saber que existe uma viagem preparada para nós não implica pensar em acomodar-se na vida, desanimar, desistir, porque, por outro lado, exige-se força para realizar a nossa missão no planeta.
O ser humano é parte de todo o universo e, certamente, não é o seu criador e muito menos o seu dono.
Essa postura através dos tempos, de senhor todo-poderoso, tem custado ao homem um constante sentimento de impotência e desânimo, porque ele acaba se isolando da realidade, da consciência do universo.
Esteja certo: tudo o que aconteceu foi perfeito! Esse foi o caminho que a existência encontrou para nos ensinar tantas coisas que precisávamos aprender.
Aceitar a morte, aceitar a perda, aceitar que tudo que está connosco um dia certamente não vai mais estar, é uma sabedoria que bem poucas pessoas conseguem obter.
As pessoas esquecem que tudo é temporário, inclusive a nossa permanência no planeta. Na tentativa de garantir que algo fique do jeito que nós planeamos, fazemos loucuras, negamos tanta coisa e não percebemos o que realmente está acontecendo.
Negamos a nossa própria capacidade de ver, para garantir um sonho; negamos a nós mesmos, aos outros, negamos aquilo que é real, para manter a ilusão de que o sonho continua...

Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação. ( Albert Einstein )

Dead Can Dance


" Escute seu coração. Ele conhece todas as coisas, porque veio da Alma do Mundo e um dia retornará para ela." ( Paulo Coelho )